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Arquitetos: Pedro Campos Costa
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Fotografias:José Campos
A reabilitação é um termo da medicina que se reporta ao processo global e dinâmico orientado para a regeneração física e psicológica do ser humano. Em arquitetura está associado ao processo crítico de aferição dos elementos essenciais, dos que devem permanecer, dos que devem ser removidos e dos novos, as próteses, que poderão ser adicionados. As intervenções seguem duas opções: a recuperação arqueológica de mimetização do que foi no passado e a contemporânea por confronto com realidades do presente. O objetivo foi o da busca pelo equilíbrio entre o existente e o contemporâneo. O edifício foi desenhado nos anos 70 e tem características que me interessou manter e que influenciaram o desenho dos novos elementos. Entendo os edifícios não como elementos estáticos mas como estruturas vivas que interagem sobre nós e são parte da experiência quer ao nível do programa quer da sua expressão estética.
Não existe uma inspiração onírica. O processo é pouco linear e o desenho final é resultado de diversos momentos de projeto com diversas intersecções com o cliente.
O fundamental da nova estrutura é a preocupação pelo conforto, tanto na esplanada como no espaço lounge. A madeira foi um material que emergiu desde o primeiro momento, muito ligado a uma procura de relação com a envolvente próxima, até mesmo com a própria árvore que se localiza ao seu lado. O edifício procura encontrar o terreno e a envolvente de forma equilibrada e harmoniosa sem deixar de afirmar a sua personalidade e o seu carácter, numa proposta espacial inovadora. Esse foi o desafio determinante para afirmar a eficácia arquitetônica na busca de uma nova proposta de valor do produto turístico.
Nos anos 20 e 30, a indústria estava muito entusiasmada com o arquiteto e as possibilidades que em conjunto podiam construir. Hoje a indústria está de costas voltadas, pouco interessada em soluções inovadoras e mais interessada na repetição de soluções standard. Esta situação obriga os arquitetos a serem constantemente confrontados com catálogos, escolhas standard e impossibilitados de desenhar soluções. Sempre que podemos ou conseguimos tentamos fazer pontes com a indústria, com os empreiteiros, com os carpinteiros, serralheiros ou canteiros, para criarmos em conjunto soluções. Neste caso a cobertura é uma hiperbolóide em madeira, uma figura geométrica que permite vão grandes com menos material, e onde os travamentos são todos a distâncias diferentes. As grelhas de ensombramento foram desenhadas para o edifício. O concreto permite a consola de 6 metros em direção à piscina.
Tentamos sempre ter muito, muito cuidado com a escolha dos materiais. A espacialidade e o conforto dos ambientes são projectados por nós de tal forma a que a luz tenha muita importância, e o material é fundamental nesta ideia de espaço. Outro caso exemplar desta abordagem é a extensão do Oceanário de lisboa, em que a peça de cerâmica da fachada, desenhada e desenvolvida para este edifício, tem um papel fundamental no desenho da luz no seu interior e exterior.